domingo, 10 de junho de 2012

Crônicas da Terceira Era - Olho de Alghuir - Parte II


Lá estavam eles, na beira do Grande Rio das Terras Ermas, frente aos amaldiçoados Campos de Lis. O rio estava caudaloso e feroz naquele ponto e dificilmente conseguiriam cruzá-lo a nado. No entanto, Balared sabia que, muito tempo atrás, haviam comunidades vivendo a beira do rio nessa região. Era possível que em alguma delas uma ponte tivesse sido construída e, com sorte, ela ainda estaria de pé.

A companhia rumou para o sul, descendo, junto como rio, colinas verdes e vales floridos, até que avistaram uma vila em ruínas. Mas não era uma vila qualquer, aquelas construções não tinham sido feitas por homens, mas por um povo que vivera ali há dois mil anos, hobbits. As casas eram pequenas e algumas delas construídas como tocas dentro das colinas ao redor. A vila ocupada as duas marges do Anduin e uma ponte de madeira e pedra se estendia, ainda inteira sobre o rio. Aquela visão deixou Pêpe bastante intrigado e ansioso por explorar o local, mas Elmara achou que seria mais sábio que averiguassem primeiro se não havia inimigos por ali. Pelo que puderam observar da pequena vila, o melhor lugar para um sentinela ficar seria em um velho silo de grãos, quase a beira da corrente d'água. Pêpe e Aerandir, os dois aventureiros mais rápido e silenciosos, contornariam as colinas para se aproximarem do silo pelo sul e Balared, Klandrin e Elmara desceriam um a colina ali para adentrar a comunidade pelo que parecia ser a rua central.


Aquela excitação por estar vendo o local onde possivelmente seus ancestrais viveram deixou Pêpe muito animado e confiante. Em alguns momentos nem mesmo Aerandir conseguiu enxergar onde o hobbit estava, o tão furtivamente ele andava por aquele lugar. Por onde andaram viram pequenas casas e lojas destruídas há muito tempo, alguma parecia ter sido saqueadas ou abandonadas. Ao que parecia aqueles hobbits eram diferentes do que os do condado, haviam barcos, e outros utensílios que indicavam que eles era bem acostumado a rios e às águas. Alguns lugares podiam ser vistos restos de botas, algo que os habitantes do condado não usam. Mas, ao redor disso tudo, o que ele via era destruição e abandono, até que ele chegou à beira do rio. Ali ele enxergou algo que o deixou perturbado, marcas de uma batalha antiga. cabeças de flechas estranhas, parecida com as dos orcs das montanhas, armas, esqueletos de criaturas que não eram hobbits e nem humanos. Os hobbits não simplesmente abandonaram aquele lugar, eles foram expulsos.

Do outro lado, Elmara, Klandrin e Balared desciam um caminho de pedras até a base da vila. A cena que viram ali não era muito diferente. Algumas coisas jaziam completamente arruinadas enquanto outras pareciam milagrosamente se manter de pé. O caminho parecia seguir diretamente até a ponte do outro lado, mas algo chamou a atenção dos companheiros enquanto adentravam a vila cautelosamente. Um corvo negro, no alto de uma grande construção, talvez um antigo salão comunitário, parecia os observar atentamente. Aquilo deixou os companheiros bastante incomodados, mas algo os distraiu logo em seguida. Pegadas. Pegadas de algum grande felino, e parecia ser mais de um. Balared logo identificou o rastro como de leões das montanhas. Esses animais as vezes habitam as colinas próximas quando a comida está escassa em seu habitat. Sabendo o quão ferozes essas criaturas podem ser quando se sentem ameaçadas, o beorning aconselhou que eles mantivessem distância das criaturas.

Pêpe foi o primeiro a alcançar o velho silo e logo subiu uma velha escada de madeira até alcançar uma portinhola que dava para seu interior. Ao abrir a porta viu apenas um grande espaço vazio, com cheiro de mofo, e os restos mortais de dois hobbits abraçados, como se estivessem se escondendo de algo terrível. Aquela cena, mórbida, fez com que o coração do pequeno herói se apertasse, e ele sentisse uma saudade do condado como não sentia há alguns meses. Seus amigos logo chegaram, e ele os informou que nada havia ali dentro. Restava averiguar a integridade da ponte.

O grupo, então, reuniu-se a frente da larga ponte, feita de pedra em sua base, mas de madeira na sua extensão pelo rio, que naquela área específica era de cinquenta metros. Klandrin tinha um certo conhecimento de construções, algo que seu povo muito apreciava, e viu que a ponde não estava em sua melhor forma. Musgo e área apodrecidas podiam ser vistos em alguns pontos, mas talvez ela aguentasse alguns viajantes ainda. Todos decidiram que o primeiro a testar a resistência da passagem seria o pequeno Pêpe, afinal ele era o mais leve de todos. Cada passo que Pêpe dava parecia fazer a ponte gemer de dor. Os ruídos de madeira rangendo naquele lugar inóspito e sombrio, ecoando no silêncio, deixou uma atmosfera sinistra entre os presentes. Ao chegar do outro lado, Pêpe amarrou uma corda na base de pedra e arremessou a corda para o outro lado para que seus companheiros tivessem uma maior segurança ao passar.

Assim, um a um, eles foram atravessando a ponte, e ela foi rangendo como se estivesse sofrendo a cada passo. Quando chegou na vez de Klandrin, o mais pesado do grupo, por ser anão e portas um equipamento bastante sólido, a ponte começou a apresentar sinais de que não aguentaria mais muitos viajantes. Para deixar as coisas piores, zunidos anunciaram uma saraivada de flechas escuras que voaram em direção aos companheiros, que estavam distraídos. Goblins os atacavam naquela margem, escondidos nas ruínas e na névoa que encobria aquele local. Do interior das casas destruídas, urrou um rugido gutural de um orc ordenando que seus subalternos atacassem: "Acabem com todos seus vermes!".

Kladrin acelerou o passo, enquanto rachaduras se formavam na madeira da ponte, para encontrar de frente seus inimigos. Goblins armados com lanças e espadas saiam de becos enevoados e ruínas para encontrar a companhia, enquanto flechas zuniam pelo alto. Aerandir, com seus olhos atentos, encontrou o lugar onde os arqueiros estavam e começou a disparar suas certeiras flechas que derrubavam os goblins a cada ataque. O dono do urru gutural logo se junto a batalha, um grande orc de armadura de placas escuras e um enorme machado de duas mãos, forjado com um metal escurecido.

Balared foi ao seu encontro e sentiu a força do monstro em seu escudo, quando bloqueou um de seus ataques. Aquele orc era um oponente poderoso, mas o beorning não tinha medo, seu povo enfrentava aquelas criaturas desde que moravam nas montanhas. Klandrin, do outro lado, abria caminho entre os goblins que os atacavam com seu machado, indo em direção à construção onde os arqueiros se escondiam. Elmara e Pêpe ficaram ao lado de Aerandir, dando-lhe cobertura contra os goblins lanceiros que vinham em sua direção.

O combate estava equilibrado entre a habilidade e força dos heróis e os números de goblins que parecia interminável, até que Balared aproveitou uma falha na defesa do líder orc para acertar um golpe certeiro de seu machado na jugular do monstro, que caiu, cuspindo seu sangue escuro. Naquele momento, a bravura dos goblins cedeu a sua covardia natural. Não demorou muito para que a maioria deles fugisse e se embrenhassem entre as névoas e as ruínas, deixando a companhia sozinha.

As construções daquele lado não eram como as anteriores. Os sinais de confronto eram bem mais claros. Aquela parte da vila tinha sido alvo de um grande ataque de goblins e orcs há anos atrás. Esqueletos dessas criaturas e de hobbits jaziam pelo chão e dentro das construções. Restos de armas e outros objetos abandonados podiam ser vistos nas ruínas e pelas ruelas. Aquela vila, destruída, com restos de mortos e sinais de uma batalha covarde fazia com que as sombras que espreitavam o coração dos aventureiros se fortalecessem. Agora eles estavam nos Campos de Lis, precisavam encontrar o tal forte das forças inimigas onde o artefato negro estaria escondido.

Acontece que aquela região não era pequena e explorá-lo não seria fácil. O terreno é acidentado, alagado e traiçoeiro. Uma neblina sinistra parecia nunca deixar a região e rumores diziam que nada permanece no mesmo lugar por muito tempo lá. Mas a companhia não tinha outra escolha, precisavam começar de algum lugar e explorar os Campos de Lis até que encontrassem aquilo que buscavam, nem que tivessem que vasculhar cada canto daquele lugar maldito. Os primeiros dois dias de busca, após deixarem o vilarejo dos antigos hobbits, não rendeu muitas descobertas. Muitas vezes eles pareciam estar andando em círculos e muitas trilhas que encontravam levava a algum lugar por onde não podiam prosseguir. No segundo dia, encontraram o que parecia ser um antigo moinho abandonado e fizeram o lugar de abrigo. Aparentemente ninguém adentrara o local em anos, mas ele seria um bom local para os abrigar da chuva fina que caia naquela noite.

Os dias que seguiriam seriam alguns dos mais difíceis na vida de Elmara, Klandrin, Aerandir, Pêpe e Balared. Nenhum deles sabia o que esperar daquele local e o que poderiam encontrar no interior daquela região sinistra. O sono dos aventureiros não era tranquilo e barulhos estranhos os acordavam durante a noite. O próprio ambiente parecia ser inimigo dos heróis. Será que conseguiriam encontrar o que procuravam?

Essa história está sendo criada em uma mesa de The One Ring - Adventures over the Edge of the Wild. Cada sessão corresponde a uma parte da história, que se cria e modifica conforme todos os envolvidos decidem o que seus personagens fazem e como eles reagem.

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