quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Crônicas da Terceira Era - Herumor - Parte V


A noite, naquele corredor estreito e escuro, não foi uma das melhores que os aventureiros tiveram. Era um espaço escuro apertado e eles não conseguiam parar de pensar nas centenas de Orcs que estavam do lado de fora. A espada de Elmara brilhava forte, emitindo uma chama translucida, indicando a presença de feitiçaria negra, enquanto ouviam o barulho de centenas de peças de metal sendo jogadas em uma grande forja.

Eles não souberam, ao certo, quanto tempo dormiram, já que dentro daquele túnel estava sempre escuro. Poderia ter sido apenas algumas horas, ou mesmo um dia inteiro, já que estavam exaustos quando chegaram lá. Nenhum ruído podia ser ouvido quando acordaram. Quem quer que estivesse mexendo com os metais na noite quando chegaram lá já não estava mais ali. Considerando os riscos que correriam, o grupo decidiu que apenas Elmara e Balared sairiam de onde estavam para averiguar o aposento.

A porta secreta de pedra deslizou suavemente para o lado, revelando um cumprido aposento a frente deles. Sobre o chão, centenas de moedas de ouro e prata, junto com cálices, escudos e outros objetos feitos de metais nobres. Na parede oposta, uma grande forja exalava um calor altíssimo, que naquele frio era quase reconfortante. O fogo não estava tão forte, como se estivesse sem cuidado há algumas horas. O roncar, como de porcos dormindo podia ser ouvindo de uma passagem a direita delas, e a sua esquerda um corredor se estendia na escuridão.

Os dois se aproximaram da abertura a direita para olhar quem emitia o ronco e encontraram, sobre peles escura, dois goblins dormindo, embriagados. Receosos que os mesmos pudessem acordar, eles cortaram suas gargantas, tampando as bocas dos monstros e os segurando para que não fizessem barulho. Elmara e Balared ainda tiveram o cuidade de colocar os corpos de bruços, escondidos, para parecer, a um observador casual, que estavam dormindo de bêbados.

Depois, se voltaram para o corredor inexplorado. A dúnedan, segurando a Pedra das Estrelas, iluminava fracamente o caminho deles. A passagem, depois de uns oito metros, fazia uma curva bruca para a direita, se estendendo por mais vinte metros. Na sua metade, um arco de pedra, de onde uma iluminação fraca saia, podia ser visto, assim como uma curva no final do caminho, a direita também. Ao passarem pela passagem no meio do corredor, viram que ela dava em um pequeno aposento de pedra com uma escada esculpida com runas dos anões, levando ao piso superior. Antes de subir, no entanto, os dois foram até o final do corredor e viram que ele levava até uma sala com uma fonte de água, que agora saía suja e com lodo da imagem de dois corvos. Nada mais havia no local e, assim, eles chamaram Klandrin e Mikayla, pedindo para que eles aguardassem perto da escada, enquanto eles examinavam o piso superior.

Ao subirem os degraus, Elmara e Balared se viram em um salão com um arco que levava até um pátio grande. À esquerda deles havia outra escada, levando ao andar de cima. No entanto, o beorning ao pisar nos últimos degraus, escorregou em uma pedra solta, tropeçando e fazendo a pedra rolar para o piso inferior. Por alguns segundos ficaram parados, imóveis, com medo de terem chamado atenção de alguém. E, então, ouviram uma voz grave e rouca: "Ei, o que está acontecendo aí? Vocês, vão lá ver o que aqueles vermes lá de baixo estão fazendo!". Em seguida, passos de um pequeno grupo de criaturas foram ouvidos, se aproximando. Balared e Elmara se esconderam nas sombras, atrás da escada que subia para o outro andar.

Em pouco tempo, três orcs altos, de pele escura e cheia de cicatrizes, cheirando a excremento, entraram no aposento, sendo seguidos por um goblin corcunda, de nariz cumprido e olhos arregalados. Esse pequeno monstro parecia farejar alguma coisa quando, de repente, disse: "Sinto cheiro de homens, homens do norte!". Os orcs rugiram de ódio, e ordenaram que o goblin descesse as escadas para o andar debaixo para averiguar onde estavam os dois outros goblins que foram deixados lá. Mas, quando o farejador colocou seu pé no subterrâneo, Klandrin não segurou seu ódio e desferiu um golpe mortal com seu machado contra a criatura. "Anão Fedorento!" Gritou um dos orcs em cima e os três desceram correndo as escadas. Mikayla e Balared saíram para o encontro com os monstros, e Elmara deixou as sombras para atacá-los por trás.

Rapidamente eles trocavam golpes, empurrões e insultos. Mais três orcs chegaram, atraídos pelo barulho, e, um deles, ao ver os heróis, soou sua corneta para avisar a presença de inimigos. Foi então que ouviram um grunhido terrível, seguido de um berro ensurdecedor. O chão tremeu com cada passo do enorme monstro que se aproximava, sendo trazido por goblins, um troll das cavernas. A enorme criatura, tinha a pele cinza e rochosa, carregava uma estátua em sua mão direita e a usava como clava. Kladrin, quando a viu, clamou pela fúria de seu povo e correu para cima dela, com seu machado pronto para desferir um gole violento, mas o monstro o golpeou primeiro, jogando-o para longe, desacordado.

A batalha seguia dura para os aventureiros. Não importava quantos orcs eles conseguiam abater, mais deles sempre chegavam, e as feridas e o cansaço iam se acumulando. O troll, mesmo sendo atacado e ferido por todos, continuava a lutar, com uma resistência de pedra. Elmara não viu outra saída e, carregando o corpo desacordado de Klandrin subiu as escadas para o andar de cima, chamando seus companheiros para segui-la.

Mas, ao chegar lá, a dúnedan viu algo que a deixou, ao mesmo tempo, temerosa e ansiosa. Herumor, o feiticeiro negro de Angmar, jazia no centro de um grande salão cercado de pilares antigos em formas hexagonais. Oito passagens saiam deste aposento, na direção dos pontos cardinais. Além disso, uma grande gaiola feita de ouro estava pendurada por uma pesada corrente, e dela, uma aura de magia antiga podia ser sentida. Esta era a sala que podia ser usada como um enorme aviso sonoro. Balared e Mikayla iam subindo aos poucos, se defendendo dos orcs e do troll enfurecido.

O feiticeiro negro, ao ver Elmara, sorriu um sorriso sarcástico. "Que bom que pode aparecer, Elmara. Estava mesmo esperando por você. Veio se juntar a mim? Para cobrir todo o norte com a Sombra para receber no Senhor da Escuridão?". Elmara, enojada com o sorriso amarelo do homem pálido, com cabelos negros e uma coroa de prata, apenas disse "Jamais!". Ela, então, foi até a passagem norte e abriu o portão para que o vento do norte começasse a soprar, lembrando-se da combinação que faria com que um desmoronamento acontecesse.

Herumor investiu contra a dúnedan, sacando sua espada de metal frio e negro. Ao mesmo tempo, Balared e Mikayla subiram as escadas combatendo um orc furioso que foi derrubado nos degraus. Balared pediu para que Mikayla guardasse a passagem enquanto ele ajudava Elmara a combater o feiticeiro negro. A primeira ação do beorning foi abrir a passagem do sul, o que fez com que uma corrente e vento passasse pelo local emitindo um barulho muito alto e agudo, o que dificultava muito a comunicação entre todos ali.

Elmara percebeu, depois de alguns golpes de espada, que a magia de Herumor e o exército de orcs que estava prestes a sobrepujar os aventureiros seriam difíceis de se derrotar, só deixando uma alternativa para eles. Ela abrira a passagem nordeste e o vento começou a soprar ainda mais forte, gerando um ruído extremamente alto e agudo, fazendo com que o chão começasse a tremer. Os ouvidos deles começavam a sangrar. Os orcs que chegavam não aguentavam o som e caiam de joelhos com as mãos nos ouvidos. Mikayla também se curvou de dor, mas Balared e Elmara continuavam de pé, lutando.

A cada segundo que passava, Herumor golpeava a dúnedan fortemente, e o cansaço começava a vencê-la. O chão e as colunas começavam a demonstrar rachaduras, com pedaços do chão já desmoronando. Elmara pegou a Pedra das Estrela e invocou por Varda para que ela brilhasse bem forte, na esperança de chamar a atenção do dragão, que, com certeza, esperava nas sombras da noite.

Vendo que não teriam como escapar e que, talvez, Herumor conseguisse sobreviver ao desmoronamento, Balared largou seu escudo e seu machado e voou sobre o feiticeiro, usando toda a sua força para segurá-lo, imóvel. Antes disso, ordenou que Mikayla fosse embora, carregando o corpo desmaiado de Klandrin, para fora da fortaleza, que estava prestes a ruir. Elmara, percebeu o gesto de sacrifício de seu amigo e investiu com sua espada, com toda a fúria que podia contra Herumor. Sua espada rachou a coroa e o crânio do servo da Escuridão ao mesmo tempo em que o piso debaixo deles cedia e a fortaleza inteira vinha abaixo.

Herumor estava morto, seu espírito destruído graças a espada de Elmara, uma lâmina numenoriana. No entanto, ela e Balared tiveram que se sacrificar para se certificarem que o feiticeirno negro não conseguiria usar o artefato que controlaria os dragões do norte. Mikayla e Klandrin estavam feridos, cansados e perdidos nas Montanhas Cinzentas, em meio a centenas de orcs, provavelmente sem chance de sobreviverem. Mas, mesmo assim, seus atos heroicos seriam lembrados por aqueles que sabiam de suas missões e por todos aqueles que ouviram o relato desses. As Terras Ermas estavam livres de uma ameaça terrível, ao menos por enquanto.

Essa história está sendo criada em uma mesa de The One Ring - Adventures over the Edge of the Wild. Cada sessão corresponde a uma parte da história, que se cria e modifica conforme todos os envolvidos decidem o que seus personagens fazem e como eles reagem.

Para ler outras partes dessa crônica ou outras crônicas, clique aqui.

Um comentário:

  1. Cara queria agradecer ao Diogo pela campanha! Eu particularmente me diverti bastante cara! Agora vamos ver o que a galera pilha de jogar. Você tinha sugerido DA né?

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