quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Aposentadoria de Aventureiros

Aventureiros não pagam INSS, mas sem dúvida, um dia, vão querer se aposentar. Pelo menos os aventureiros das clássicas edições dos jogos de fantasia, que buscam por fama, fortuna, glória, e prazeres. Chega uma certa época em que não vale mais a pena arriscar seu pescoço em masmorras imundas infestadas de mortos-vivos quando se alcançou tudo aquilo que desejava, e até um pouco mais. As vezes pode rolar até aquela frase clássica: Estou velho demais pra isso.

Em jogos em que os personagens forjam seus próprios objetivos e as ambições e desejos deles guiam mais as aventuras do que a necessidade de se salvar a princesa do dragão, e a vila dos malvados goblinoides, existe uma certe dificuldade em se determinar quando a campanha chegou ao fim para certos personagens (nas campanhas mais heroicas onde o objetivo do jogo desde os primeiros níveis era acabar com o terrível Imperador do Mal, a vitória do grupo contra ele determina esse fim). No entanto, é necessário pararmos para pensar em quando é recomendável que o personagem se aposente.

Personagens de RPG são, normalmente, pessoas ambiciosas, que desejam muito mais do que a "vida normal" pode oferecer-lhes. Eles querem riquezas, farturas, glória, fama, fortuna, poder, e qualquer outra cosia capaz de impulsionar o espírito humano. E geralmente são ambições que não são facilmente saciadas. Não basta uma sacola cheia de moedas de ouro, até porque esses aventureiros costuma gastar isso, se bobear, em uma noite. A fortuna deve ser tão vasta que ele possa desfrutar dela sem se preocupar, e por isso a constante vida de aventureiro.

Isso, de maneira geral, nas edições clássicas acontecia por volta do 10º ao 12º nível, na maioria das vezes, quando o jogo mudava de perspectiva, saindo da exploração de lugares e masmorras antigas em busca de tesouros para a administração de domínios e coisas do tipo. Para muitas pessoas esse não é o tipo de jogo que as agrada, e elas preferem continuar a velha vida de "murder hobbos" com seus Lordes, Arqui-Magos, e outras coisas (mas também não vão poder reclamar se seus queridinhos morrerem). Mas chega uma hora que esses personagens já não possuem mais tantas razões para continuar se aventurando, e existe um certo charme em explorar buracos sujos cheios de armadilhas mortais com personagens com 5 PVs.

Então que tal incentivarmos um pouco essa aposentadoria aventureira? É claro que vez ou outra esses personagens podem voltar a ativa para alguma atividade especial, mas de maneira geral eles deixariam de ser o foco do jogo, permitindo uma nova ordem de "ladrões de tumba" aparecer e explorar o mundo modificado pelos atuais figurões.

Ficando Famosos: Os personagens que se aposentarem se tornam famosos no cenário de campanha (pelo menos por onde ele passou) e muitos aventureiros o tomam como exemplo do que podem alcançar. O mestre do jogo guarda a ficha do personagem em uma pasta especial, prometendo não transformar ela em bolinha de papel para o seu gato brincar (eu faço isso com os personagens que morrem). Agora o personagem se torna parte do jogo definitivamente, tendo impactado o mundo e deixado sua marca.

Convidados Especiais: Além disso, ele pode se tornar um NPC participativo na história, e o mestre promete não matar eles sem qualquer motivo, tendo-lhes assegurado uma vida relativamente boa e tranquila. Eles podem fazer o que quer que eles quiserem de acordo com a personalidade de cada um (abrir uma taverna, ficar vagando pelo mundo, construindo uma torre para devorar livros). O mais interessante é que algumas aventuras pode contar com a participação deles, como mentores ou mesmo patronos do grupo, contratando-os para fazer alguns serviços que ele não acha que está disposto a perder tempo ou se arriscar fazendo.

Herança: Os personagens que se aposentarem podem ter herdeiros, filhos, aprendizes, e outras pessoas que podem aprender com ele e receber presentes. O mestre do jogo pode permitir que até 10% do XP e dos Tesouros acumulados pelo personagem aposentado sejam "doados" para novo aventureiro. É importante, no entanto, se manter consistente e atento que o "vovô" ainda está vivo e não se desfará de seus melhores itens sem um bom motivo.

Invocar Aliado: Para cada dois ou três níveis que o personagem aposentado alcançou o jogador que o controlava ganha uma invocação dele para interferir nas aventuras do novo jogador de uma forma que faça sentido (limitado a uma vez por aventura). Esta é uma forma de ainda deixar o personagem antigo vivo e participativo, sem tirar o foco do novo grupo de aventureiros.

Legado: Uma outra forma de incentivar ainda mais a opções pode se aposentar é criar um benefício maior para os personagens vindouros. Quem sabe para cada 3 níveis alcançados pelo antigo personagem o jogador tem direito a uma rerrolagem de atributo, ou jogar 4d6 tirando o menor ao invés de 3d6, ou mesmo a troca de um valor de atributo por outro.

Enfim, em uma campanha mais voltada para o estilo "Sandbox" onde os personagens e os jogadores definem o que querem fazer, e quando fazer (sem um arco centrar que move a história em uma direção e objetivo específicos), a possibilidade e oportunidade de um aventureiro se aposentar depois de conquistar o que desejavam é uma grande vitória. O personagem tem um final digno e merecido, ainda se mantendo no cenário de campanha com o destaque merecido. Na mesa de vocês isso aconteceu alguma vez? Qual participação esses personagens aposentados tiveram no jogo depois?

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